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A pandemia e o enfrentamento das crises: Político-Econômico-Social

Há pouco mais de dois meses da regulamentação das regras para o combate da Covid 19 no Brasil, a situação ainda é muito delicada, pois, o afrouxamento das medidas de Distanciamento Social realizado pela população em diversas cidades, de variados estados brasileiros, faz com que a curva exponencial aumente de maneira significativa em relação à 1º e 2º semanas de maio. Além disso, a taxa de leitos disponíveis nas capitais mais atingidas pelo novo Coronavírus está próxima ao limite, de acordo com ministério da saúde e secretarias estaduais de saúde, como noticiou a imprensa.

De acordo com o atual ministro da saúde (após a saída de Henrique Mandetta e Nelson Teich, em menos de 1 mês), o interino general Eduardo Pazuello disse à imprensa que a epidemia do novo Coronavírus vive ‘nova fase’ e avança para o interior, sendo inevitável a sua disseminação. Logo, todas as medidas de controle e Isolamento social deverão ser mantidas segundo cada Secretaria de Saúde de estados e municípios, levando em conta suas características e dados de gerenciamento da Covid 19.

O Brasil ocupa o 2º lugar no ranking mundial e já ultrapassou a marca dos 22 mil mortos, com mais de 349 mil casos da covid19 em 23 de Maio. Os estados mais críticos estão nas regiões Sudeste, Norte e Nordeste. No mundo, o número de mortes são mais de 342 mil pessoas, sendo mais de 5 milhões de casos confirmados e pouco mais de 2 milhões de pessoas recuperadas. Os Estados Unidos da América-EUA ocupam o 1º lugar no Ranking, com mais de 1,6 milhão de casos da Covid 19, tendo 97.426 mil óbitos e 335.415 mil pessoas recuperadas até a presente data. Até ontem, o Brasil estava em 3º lugar, posto que a Rússia passou a estar no Ranking internacional de monitoramento da Covid 19 da Organização Mundial de Saúde OMS, A revista médica britânica The Lancet, uma das mais conceituadas publicações da área. Afirma que o Presidente da República é a “maior ameaça” à luta contra o novo Coronavírus no Brasil. Desrespeitando as medidas do próprio Ministério da Saúde e OMS e cita ainda a “desordem no coração do governo” e que a mais alta autoridade do país precisa demonstrar liderança para enfrentar a crise de saúde pública em curso. Arranhando a imagem do Brasil mundo afora, o que é algo muito negativo para todas as esferas politico econômico e social.

De acordo com o estudo do Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que analisa políticas do governo federal adotadas pelo Brasil para o enfrentamento ao novo Coronavírus, foram apontadas falhas em todas as medidas para conter a transmissão e o achatamento da curva exponencial.

Outros estudos matemáticos e econômicos realizados pelas instituições FGV (Fundação Getúlio Vargas) e IPEA, dentre outras, apontam que as crises Político-Econômico-Social tendem a piorar nas próximas semanas e meses, visto que ainda não foi atingido o ápice da curva exponencial de transmissão do novo Coronavírus, devido a uma série de fatores, entre eles destaco alguns: o atraso no pagamento assistencial; a dificuldade da população assistida com relação à operação do sistema de benefício pela Caixa Econômica Federal; a disponibilização de recursos financeiros para os Estados, bem como a distribuição dos recursos para os municípios; a falta de leitos em diversas cidades no interior do país e até mesmo nas capitais; a dificuldade de negociação do governo federal com governos estaduais e Congresso Nacional; abalo das relações comerciais com diversos parceiros, como China, Argentina, França, entre outros; à constante disseminação de notícias falsas; sucessivas demissões e trocas nos ministérios do governo, que elevaram a instabilidade política, econômica e financeira, pois, mexem com o humor do mercado internacional (entenda-se Bolsa de Valores, também), refletindo na retirada do capital de investimento externo direto e diminuindo nossa credibilidade no cenário internacional.

Com o aumento da volatilidade do câmbio, isto é, da paridade da moeda nacional, Real frente ao Dólar Americano, visto no decorrer dos últimos meses e semanas, tudo que seja de categoria Politico-Econômico-Social está enfrentando sucessivas crises, não somente por causa do Novo Coronavírus, mas também pela inércia, ou seja, por falta de atividade ou movimentos próprios do governo federal, não se enxerga um consenso claro e objetivo no combate à pandemia, bem como os de caráter econômico-social listados acima, que nos coloque em um novo patamar para a diminuição da crise que se assola e da vulnerabilidade dos mais necessitados, mesmo estando entre as 10 maiores economias do mundo.

Acrescento ainda que, segundo o Relatório do Censo Bilionário de 2019 da Wealth-X, o Brasil ocupa a 12º posição com 49º Bilionários com riqueza total de US$ 154 bilhões de dólares. O relatório apontou que a maioria dos bilionários brasileiros se concentra em São Paulo, evidenciando a concentração de renda e a disparidade de desigualdade social, segundo a publicação na revista Época Negócios, em Maio de 2019. O relatório também aponta que três quartos da população de bilionários do mundo vivem em apenas 15 países, e o país com o maior número deles são os Estados Unidos. Os dados fazem parte da sexta edição do Relatório do Censo Bilionário 2019 da Wealth-X. Juntos, os 1.942 bilionários valem U$ 6,8 trilhões – o que equivale a 79% da riqueza global de bilionários de 2018.

Concluo ainda, que todas as 22 pastas ministeriais, sendo 16 ministérios, duas secretarias e quatro órgãos equivalentes a ministérios, são órgãos do poder executivo federal brasileiro. E cada ministério é responsável por uma área específica. Todos estes com suas respectivas equipes de trabalho estão em algum estágio, num plano de controle à Covid 19, no qual muito pouco se sabe das ações de cada ministério, com devidas exceções para os que estão nas categorias essencias, como os ministérios da Agricultura, Cidadania, Economia, Saúde, Comunicação, Infraestrutura, etc., que fazem parte das diretrizes do combate ao novo Coronavírus. Essas categorias são essencias para o funcionamento do país e para garantir a sobrevivência do Brasil frente à pandemia e futuras crises econômico-sociais. Por isso e para o conhecimento de todos os leitores, cito-as abaixo, em ordem alfabética:

1. Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Tereza Cristina, DEM,
2. Cidadania: Onyx Lorenzoni, DEM
3. Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações: Marcos Pontes, PSL
4. Defesa: Fernando Azevedo e Silva, sem partido
5. Desenvolvimento Regional: Rogério Marinho, PSDB
6. Economia: Paulo Guedes, sem partido
7. Educação: Abraham Weintraub, sem partido
8. Infraestrutura: Tarcísio Gomes de Freitas, sem partido
9. Justiça e Segurança Pública: André Mendonça, sem partido
10. Meio Ambiente: Ricardo Salles, expulso do partido NOVO, sem partido
11. Minas e Energia: Bento Albuquerque, sem partido
12. Mulher, Família e Direitos Humanos: Damares Alves
13. Relações Exteriores: Ernesto Araújo, sem partido
14. Saúde: Eduardo Pazuello (interino), sem partido
15. Turismo: Marcelo Álvaro Antônio, PSL
16. Controladoria-Geral da União: Wagner Rosário, sem partido

Secretarias com status de ministério (ligadas à Presidência da República):

17. Secretaria de Governo: Luiz Eduardo Ramos, sem partido
18. Secretaria-Geral: Jorge Oliveira, sem partido

Órgãos com status de ministério(ligados à Presidência da República):

19. Advocacia-Geral da União: José Levi, sem partido
20. Banco Central do Brasil: Roberto Campos Neto, sem partido
21. Casa Civil: Walter Souza Braga Netto, sem partido
22. Gabinete de Segurança Institucional: Augusto Heleno, sem partido

Ana Clara Maria Arantes
Economista, pela Universidade Estadual de Maringá – PR

Ana Clara Maria Arantes

Ana Clara Maria Arantes acmarantes@gmail.com *Economista, pela Universidade Estadual de Maringá, UEM, Paraná-PR,Brasil-BR*

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