ColunistasFernando de Miranda

Jornalismo e coragem

Em Dídimo Paiva

Agora que Dídimo se foi, de que me valem as palavras? Eu sabia desde meu encontro especial com ele, em final de 2018, que seria o último. Só eu falava e ele chorava… Eu sabia que a desoras qualquer (ele se foi de madrugada deste sábado, 09) eu estaria aqui escrevendo, como me ensinou, para você, Dídimo, a quem mais? Mas, prefiro iniciar com o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ministro Carlos Mário Velloso, seu amigo desde a época de estudantes, em artigo por ocasião de seus 88 anos: “Assim é Dídimo Paiva, jornalista, autêntico republicano, homem bom e do bem. E vale ler, para compreender a independência profissional de Dídimo, UM BUNKER na imprensa – preciosa coletânea da prodigiosa obra do jornalista, garimpada em milhares de recortes de jornais e revistas”. Vale ainda lembrar o testemunho de um velho amigo, o Orlando Vaz Filho, que, além de amigo, se declara fiel escudeiro: Dídimo é um Quixote, e como jornalista e ser humano, sempre disposto a enfrentar vendavais. Corajoso e destemido, ele se situa entre os maiores jornalistas da imprensa brasileira. O livro “Passos de uma Paixão”, segundo informam os autores Tião Martins e Alberto Sena, revela os 60 anos da vasta e ininterrupta atividade de Dídimo na imprensa do Brasil desde a adolescência na sua Jacuí.  Outros íntimos amigos de Dídimo, Paulo Lott e Washington Mello, revelam: diante de tantas qualidades pessoais, solidário ao extremo, jornalista ímpar, dono de uma sensibilidade incrível, além de humilde como ninguém mais, realmente, esse DÍDIMO PAIVA existe. Pois é, nosso Dídimo se foi. Morte sentida. Jornalista da velha guarda do mais “elevado coturno” – expressão própria dele, bravo, audaz e destemido. Meu amigo, meu primo e meu influenciador jornalístico, conterrâneo de nossa querida Jacuí, sua terrinha, assim chamada por ele, e que sempre dizia que estava chegando todos os dias ao mundo da perdida infância. Sei lá, Dídimo, primo querido, a morte continua misteriosa e, quando ela chega para alguém próximo de nós, afloram-nos recordações dos tempos vividos. E que tempos… E então, hoje para mim, só mesmo roubando os versos de Henriqueta Lisboa, de seu livro “Nova Lírica”: Quando a noite/ vem baixando/ nas várzeas ao lusco-fusco/ e na penumbra das noites/ e na sombra erma dos campos/ piscam, piscam pirilampos. Agora, vai, Dídimo! Pirilampo! Eu não acredito, mas pode ir. Lá em cima, os outros amigos pirilampos te esperam. 

FERNANDO DE MIRANDA JORGE
Acadêmico Correspondente da APC Jacuí/MG
fmjor31@gmail.com

Fernando de Miranda Jorge

Acadêmico Correspondente da APC Jacuí/MG - fmjor31@gmail.com

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