Dialon José

Rádio uma invenção brasileira.

O rádio é um dos meios de comunicação mais populares do planeta, de grande alcance e disseminador de cultura e informação. Segundo o historiador Eric Hobsbawm em seu livro Era dos Extremos, o rádio foi o meio de comunicação que mudou a vida das pessoas, e em especial o das mulheres, amenizando a solidão dos fazeres domésticos no início do século XX. O que poucos de nós sabemos é que o Rádio é uma invenção de um brasileiro, Padre Roberto Landell de Moura, nascido aos 21 de janeiro de 1861, em Porto Alegre-RS.

Roberto Landell de Moura, em 1878 matriculou- se no Colégio Pio Americano e na Universidade Gregoriana em Roma, estudou Teologia, Física e Química e se tornou sacerdote católico em 1886. A vida religiosa não lhe fechou para o mundo da ciência naquele momento, pelo contrário, abriu lhe uma avenida de oportunidades. Estava em curso em vários países à Segunda Revolução Industrial e com ela as ideias e invenções borbulhavam por todos os lados, Landell era beneficiado por estar em contato com “este mundo” de inovações e não perdeu tempo, estudou física e eletricidade.

Bem antes de Guglielmo Marconi, reconhecido mundialmente como inventor do rádio, Padre Roberto Landell de Moura em 1893 na cidade de São Paulo realizava seus primeiro teste de transmissão sem fio a uma distância de 8 km, como Landell também era exorcista, não foi bem interpretado como cientista e sim como um “bruxo” que enviava voz a longa distância, onde enfrentou resistência de seus fieis e da estrutura eclesiásticas, tendo seu humilde laboratório destruído.

“No ano de 1900, registrou a patente n.º 3.279 sobre seu aparelho apropriado à transmissão da palavra à distância, com ou sem fios, através do espaço, da terra e da água. Em 1904, o padre Landell registrou nos Estados Unidos o transmissor de ondas, o telefone sem fio e o telégrafo sem fio, pois o mesmo ficou alguns anos nos Estados Unidos”. Deixou o prestigio, recursos, dinheiro dos EUA para retornar ao Brasil, pois queria contribuir com sua pátria de alguma forma.

Retornou ao Brasil em 1905, procurou o governo brasileiro e a marinha para mostrar suas invenções e suas ideias, porém foi considerado louco pelos burocratas do Estado. “Excelência, o tal padre é positivamente maluco. Imagina que ele chegou até a falar-me na possibilidade de conversar um dia, com outros mundos”, o que resultou na rejeição de seu pedido. Obviamente sabemos que isso é possível e relativamente simples com as tecnologias de hoje, fato este mostra o quão ele era um homem além de seu tempo. Landell foi silenciado pela segunda vez e enviado para o interior de São Paulo, para cidade de Tambaú, Caconde e outras. Mas as dificuldades e ausência de recursos não lhe impediram de prosseguir em seus estudos.

Landell é pouco conhecido e estudado no Brasil, porém seu nome deveria estar no panteão dos grandes inventores e cientistas da Segunda Revolução Industrial e um dos principais cientistas brasileiros.

Fonte:
1- Senado
2- Santos, César Augusto Azevedo dos. “Landell de Moura ou Marconi, quem é o Pioneiro?” In: XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Belo Horizonte, 02-06/09/2003
3 – Padre Moura

Dialon José Teófilo

Professor na Secretaria de Educação de Minas Gerais
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