ColunistasTania Cristina Nunes

HÁ QUE SE PREVENIR ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS…

O suicídio aflora de angústias acumuladas ou é incitado por impulso, no entanto, boa parte disso pode ser estabelecida ou provocada pelo mundo exterior. É uma morte como nenhuma outra, rompe vidas e crenças e lança seus sobreviventes em uma jornada longa e devastadora.

Por isso todas as formas de prevenir os impulsos suicidas são bem vindas, porque propiciam uma nova chance de reflexão, uma nova possibilidade de elaboração para aquele indivíduo. São elas:

O cuidado e a escuta: o suicídio é sensível a estratégias de prevenção quando se há ouvidos atentos, corações generosos e profissionais capacitados e qualificados. Se suspeitar da possibilidade de auto-extermínio, encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio. Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público ou particular. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.

Uma importante reflexão é que a maioria dos que cometem suicídio com frequência comunicam aos outros ou dá pistas sobre sua intenção de se matar. A grande maioria dos exemplos é um ato premeditado, por isso conversar, perguntar diretamente à pessoa acerca de seus pensamentos ou planos suicidas podem possibilitar um tratamento e impedir uma tragédia.

Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.

Num contexto clínico, a avaliação do risco de suicídio deve ter prioridade sobre qualquer outro diagnóstico.

Tornar difícil o acesso aos meios letais é uma das melhores estratégias de redução de suicídio. Há provas de que a taxa de suicídio pode ser contida por fatores externos e se a inclinação a cometer o ato se der de forma impulsiva, reduzir a disponibilidade imediata de meios para a pessoa se matar permitiria que ela repense ou diminua seus impulsos.

Aqui no Brasil o modo preferencial de suicídio entre os homens é o enforcamento, seguido de uso de armas de fogo. O envenenamento também ocorre e a redução de acesso a pesticidas e agrotóxicos seria uma estratégia bastante confiável, mas quanto à isso ainda não há um rígido controle.Entre as mulheres o modo preferencial de suicídio é a ingestão de medicamentos, barbitúricos antidepressivos, tranquilizantes entre outros. Por isso é muito importante observarmos o comportamento daquelas pessoas que demonstram estar em perigo e não deixá-las sozinhas.

Para que as ações de prevenção funcionem é preciso combater o preconceito. O combate ao estigma e a todas as formas de preconceito conduz a novas práticas e novos modelos de relações intersubjetivas. O estímulo a ações locais, em ambientes como escolas, centros comunitários, centros culturais que promovam a circulação de informações relativos ao assunto são importantíssimas.

No entanto, o suicídio é multifatorial e exige múltiplas ações: pode vir de uma predisposição biológica, doença psiquiátrica ou angústia e estresse agudo. Por isso a prevenção exige tratamento psicoterápico, médico e farmacológico. Por exemplo, há poucas coisas que um médico possa fazer para controlar as tensões de vulto na vida de um paciente: elas ocorrem de modo bastante aleatório e portanto são difíceis de prever e ainda mais difíceis de controlar. Mas  há coisas que podem ser feitas para influenciar ou mesmo tratar as vulnerabilidades biológicas subjacentes ao suicídio, bem como as doenças mentais intimamente ligadas ao comportamento suicida. Além disso, os suportes social e familiar são fundamentais para a recuperação da pessoa que precisa de ajuda.

A PSICOTERAPIA entra em ação com o objetivo de ensinar o indivíduo a lidar com suas emoções, enfrentar melhor a vida e assim, compreender e elaborar melhor suas dificuldades.

Ajuda a se organizar emocionalmente e a desenvolver habilidades para perceber, interromper e mudar os pensamentos intrusivos ou negativos. E mais importante que qualquer técnica, o cuidado e a escuta vindos de um coração generoso podem fazer a diferença diante da possibilidade de alguém cometer o auto-extermínio. Como dizia Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”

Tania Cristina Nunes

Psicóloga, formada pela UNIP. Experiência em terapia infantojuvenil e adulto. Experiência em Transtorno do espectro autista. Psicodiagnóstico com intervenção. Apoio na escolarização e orientação e atendimento a pais e responsáveis.

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