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Trabalhos sobre a história de Jacuí são apresentados em Jornada Científica

Foi apresentado na última quinta-feira (07), na Jornada Científica do IFSULDEMINAS, dois trabalhos de pesquisa histórica que trazem novidades de extrema importância ao entendimento da história de Jacuí e região.

Orientadas pelo Professor Tarcísio de Souza Gaspar, docente da área de história do Campus Muzambinho, as alunas Maysa Santos, Vitoria Braghini e Paula Helena, discentes de cursos técnico integrado ao Ensino Médio, apresentaram trabalhos sobre a escravidão em Jacuí no século XVIII e a cartografia e a toponímia dos Sertões de Jacuí e Cabo Verde na década de 1760.

Maysa, que é moradora de Nova Resende, ressaltou a importância da pesquisa científica para sua formação humana e acadêmica. “Escrever os artigos muito contribuiu para minha formação humana e acadêmica. Ao pesquisar sobre a origem da minha região, descobri o quão grande ela é, vinda de muita luta e coragem dos quilombolas. Eles foram atacados e resistiram, sendo fundamentais na formação da nova frente colonizadora. Me orgulha em saber que somos fruto da resistência e coragem de povos”, afirmou.

Em conjunto, tais estudos indicam que a história quilombola da região não se encerrou com a destruição dos quilombos; ao contrário, a influência dos núcleos quilombolas se prolongou no ordenamento do próprio espaço geográfico das freguesias de Cabo Verde e Jacuí no período colonizador.

Cartografia e toponímia quilombola nos sertões do Cabo Verde e do Jacuí (década de 1760)

Através de estudos sobre a cartografia relativa aos sertões do Cabo Verde e Jacuí na década de 1760, revelou-se que a localização do antigo arraial e atual cidade de Jacuí coincide com a do antigo quilombo do Zundú, tal como indicado com notável precisão na Carta Geográfica de 1767 e na “Relação das Marchas” do governador Luis Diogo Lobo da Silva pelos sertões mineiros, em 1764 .

Obtidos pelo Professor Tarcísio em diferentes arquivos do Brasil e de Portugal, os mapas foram estudados e analisados pelas orientadas com o propósito de verificar a toponímia e a geografia regional retratadas nos exemplares cartográficos. Essas informações foram contrastadas com a documentação manuscrita do mesmo período e também com a bibliografia pertinente.

Segundo Tarcísio, esta descoberta é a primeira demonstração empírica de que um importante núcleo populacional da região foi construído por sobre a referência geográfica quilombola.

A ESCRAVIDÃO NOS SERTÕES DO JACUÍ: análise dos registros paroquiais da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Jacuí (1762-1776)

O segundo estudo, sobre a escravidão em Jacuí no século XVIII, constatou que a freguesia de N. S. da Conceição do Jacuí deteve nas décadas de 1760 e 1770 não só uma expressiva população escravizada ou egressa da escravidão (cerca de 60% dos registros paroquiais), como também manteve ativos espaços quilombolas, como um “Cemitério do Quilombo”, mesmo posteriormente às expedições de extermínio que teriam liquidado aqueles núcleos.

Para a realização desse estudo, foram analisados os registros paroquiais manuscritos de batismos (1764-1770) e de óbitos (1762-1776) expedidos na freguesia de Jacuí nos períodos indicados.

Tais registros revelaram que, nas décadas de 1760 e 1770, a maior parcela da população de Jacuí era composta por pessoas escravizadas. Majoritariamente masculino, como foi comum no regime escravista da América Portuguesa, este enorme grupo escravizado conseguiu criar espaços de organização – como a irmandade do Rosário – e forjar relações sociais familiares. O contingente cativo foi incrementado ainda pela presença de núcleos quilombolas na região, cujos remanescentes deixaram marcas na documentação paroquial.

Os textos completos podem ser encontrados nos links abaixo:


Com informações da Polícia Militar

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