ColunistasTania Cristina Nunes

DOR NÃO É FRAQUEZA: DIGA NÃO AO SUICÍDIO

O mês de setembro como já vimos foi um período reservado para tratarmos de um assunto muito delicado, “o suicídio”. Vimos todos os tipos de campanha no tocante as orientações, alertas, tratamentos e como lidar como esse mal que pode rondar a nossa casa e as pessoas que mais amamos.

Quem nunca se sentiu para baixo por um motivo ou outro, algum fracasso no trabalho, alguma perda de um ente querido, um rompimento de um relacionamento, uma amizade desfeita ou qualquer outro resultado indesejado em qualquer situação de nossas vidas. O que é considerado um grande problema para alguns pode não significar nada para outros, o que não quer dizer que deva ser desconsiderado, ou que a pessoa seja criticada, julgada. Momentos tristes podem nos fazer perder a força, perder a fé e até vontade de viver, contudo, devemos continuar de pé, redirecionar o foco, nos fortalecer com os obstáculos que a vida coloca a nossa frente. 

 Se alguém já partilhou algum pensamento suicida com você, não julgue, não brigue e nem condene. Esse é o momento de ouvir com coração e ajudar, e se possível procurar um especialista. O suicídio muitas vezes é um ato desesperado de quem quer acabar com essa dor, mas esse não é o caminho! Tirar a vida trará mais dor. Se você conhece alguém que está sem forças para viver, não desista dessa pessoa. Doe amor, dê ouvidos, seja companhia e procure ajuda.

Se pensamentos ruins e suicidas rondam  a sua vida, é importante que peça ajuda. Lembre-se que sempre tem alguém que te ama e está torcendo por você. Fale com alguém, ter alguém para conversar faz toda a diferença. Se não tiver ninguém próximo para conversar ligue para o 141 ou 188 e converse com um dos voluntários do Centro de Valorização da Vida. Eles estão lá para dar todo suporte para quem precisa. Você é importante.

Por isso, a importância de familiares e educadores estarem atentos a qualquer mudança de comportamento, como aumento da ansiedade, isolamento, afastamento da família e de amigos, adesão ao cyberbullying, agressividade, baixo rendimento escolar e transtornos de sono e de alimentação. É comum, algumas dessas manifestações serem confundidas como próprias da adolescência, mas, muitas vezes, são um aviso e é preciso acompanhar de perto para evitar que seja tarde demais.

Porém, vale lembrar, que o assunto não está ligado apenas aos jovens, mas o suicídio tem sido apontado como a segunda causa de morte entre os adolescentes. Além disso, não podemos deixar de falar dos comportamentos auto-lesivos nos adolescentes, cognitivamente são mais capazes de planear e realizar uma tentativa de suicídio de forma mais eficaz, ou seja, letal. Dado que os jovens mais velhos têm menos supervisão dos pais e mais autonomia, isso pode aumentar o risco de oportunidade de suicídio.

O fato de ser um período vulnerável, por todas as mudanças que nela ocorrem, pela busca de independência dos pais e maior valor dos amigos e pela vontade de exploração de novas situações, com as quais o jovem não sabe ainda como lidar, a adolescência é a fase onde é fácil o jovem adotar comportamentos de risco. Por risco entende-se uma consequência da livre e consciente decisão do indivíduo se expor a uma situação na qual se busca a realização de um bem ou de um desejo, em cujo percurso se inclui a possibilidade de perda ou ferimento físico, material ou psicológico.

É uma questão a ser tratada em todas as faixas etárias, sobretudo, em categorias nas quais o estresse na vida adulta faz parte do dia a dia. A tão falada, atualmente, Síndrome de Burnout, é desenvolvida pelo esgotamento profissional e pode, caso não seja tratada, levar o indivíduo a interromper a própria vida.

“É fundamental que a pessoa procure ajuda quando perceber que não está conseguindo lidar com as dificuldades, problemas ou, até mesmo, fatos corriqueiros do cotidiano. Falar pode ser o melhor remédio”.

As causas do suicídio são variadas e, segundo o CVV, especialistas identificam transtornos mentais na maior parte das pessoas que se suicidam ou que tentam fazê-lo. Dentre os principais transtornos observados, destacam-se a depressão na forma simples, a depressão na forma bipolar, a dependência química e a esquizofrenia.

Entretanto, não podemos afirmar que todas as pessoas que cometem suicídio apresentam esses transtornos. Não podemos nos esquecer de que, muitas vezes, o suicídio acontece de maneira impulsiva diante de algumas situações muito impactantes e inesperadas da vida, como final de relacionamentos, perda de pessoas queridas, abusos ou mesmo crises financeiras. O suicídio também é comum em pessoas que sofrem discriminação, como refugiados, imigrantes, gays, lésbicas, transgênicos e intersexuais.

Quando entendemos que o suicídio é uma realidade e que pode afetar pessoas a nossa volta, fica mais claro que é fundamental conversarmos a respeito. Os suicídios podem ser evitados desde que tenhamos conhecimento sobre seus sintomas, suas causas e formas de evitá-lo.

Como podemos ajudar na prevenção do suicídio

Para contribuirmos na prevenção do suicídio, devemos ser capazes de perceber os sinais de alerta que uma pessoa emite. Se você perceber que uma pessoa, por exemplo, está desinteressada (até mesmo das atividades de que gostava), não tem mais a mesma produtividade na escola ou no trabalho, está isolando-se de amigos e parentes, descuidando-se da aparência, não se importa mais com suas atividades diárias ou diz muitas frases relacionadas à morte, isso pode ser sinais de que aquela pessoa está precisando de ajuda.

O primeiro passo é conversar com essa pessoa, mas aqui fica uma dica importante: deixe que a pessoa fale, sem emitir julgamentos ou opiniões sobre o assunto. Deixe bem claro que sua vontade é apenas ajudar. O que devemos lembrar sempre é que não devemos medir a dor dos outros pelas nossas experiências pessoais e entender que o que não nos afeta não necessariamente não causa dor e sofrimento no outro.

É importante sempre incentivar a pessoa que está apresentando sinais de que pretende cometer suicídio a procurar ajuda especializada. Em casos visivelmente graves, é essencial que a família tenha conhecimento da situação, bem como amigos próximos, para que a pessoa seja acolhida e estimulada a procurar ajuda.

Caso perceba que a pessoa corre risco imediato, é fundamental não deixá-la sozinha. Nesses casos, entre em contato com serviços de emergência e com alguém de confiança.

De prioridade a sua vida, reserve um tempo para você, seu trabalho é importante, mas pode esperar. Uma viagem é importante, mas pode esperar, os estudos são importantes, porém reorganize-se para cuidar de você. A vida deve ser prazerosa. Dinheiro é bom e necessário, contudo, do que vale o seu dinheiro sem a sua saúde.  Não interrompa o ciclo natural da vida, deixe a morte para depois sempre. Viva eternamente se conseguir e mostre que você é capaz de ser feliz.

Tania Cristina Nunes

Psicóloga, formada pela UNIP. Experiência em terapia infantojuvenil e adulto. Experiência em Transtorno do espectro autista. Psicodiagnóstico com intervenção. Apoio na escolarização e orientação e atendimento a pais e responsáveis.

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